Comandante Ricardo Sell Wagner faleceu na quinta-feira (13). Ele construiu uma família, carreira de sucesso na aviação e lutou pelo desenvolvimento da Serra
Figura de peso na sociedade lageana e reconhecido pelo desenvolvimento da aviação na Serra Catarinense, o comandante Ricardo Sell Wagner faleceu na madrugada de quinta-feira, no Rio de Janeiro. Wagner tinha 71 anos e estava há um mês internado em hospital da capital fluminense – há cerca de uma semana ocupava a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ele sofria de câncer de pulmão há quatro anos e desde então morava no Rio, visitando Lages sempre que possível.
O comandante Ricardo Sell Wagner iniciou cedo na aviação. Filho de família tradicional, aos 17 anos iniciou o curso de piloto no Aeroclube de Lages, localizado onde hoje está instalada a Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac).
Aos 18, realizou o primeiro voo solo, num Aeronca PP-GHQ. Trinta e oito anos depois, despede-se da aviação comercial, chegando à categoria de comandante master de voos internacionais, instruindo pilotos de aviões McDonell Douglas, os chamados “MD-11”. No período em que esteve em atividade, construiu a expressiva marca de 26 mil horas de voo e cerca de 17 milhões de quilômetros percorridos.
Na carreira profissional, foi piloto privado do Aero Clube de Lages e comercial na Cruzeiro do Sul, do Rio de Janeiro, que mais tarde viria a ser comprada pela Varig. Entre os modelos de avião comercial que pilotou, destacam-se o Douglas-DC 3, em setembro de 1965, sendo então o mais jovem piloto brasileiro comandante de aeronaves de transporte aéreo regular.
Piloto intercontinental
A ascensão nos modelos de aeronaves comandadas foi constante até o fim de sua carreira. Em 1975 já pilotava Boeing-737, atuando também como instrutor e chefe de equipamento. Em 1980, comandava Boeing-727, exercendo também a função administrativa de chefe de escala de voos e logo em seguida chefia de pilotos.
Sete anos depois, foi promovido a piloto master de Airbus A-300. Na Varig, em 1993, quatro anos antes de se aposentar, foi master e instrutor de aeronaves MD-11, utilizada para voos intercontinentais.
Aeroporto Regional
Nos últimos anos, engajou-se na criação do Aeroporto Regional do Planalto Serrano, em Correia Pinto. Foi ele quem fez o parecer técnico sobre as dificuldades em se ampliar o aeroporto de Lages, o que acabou sendo um dos fatores decisivos na construção do novo espaço, na localidade Águas Sulfurosas, local que, segundo ele “preenchia todos os requisitos” para a operação comercial.
Além dos projetos vinculados aos setor aéreo, Wagner também atuou junto à Associação Empresarial de Lages (Acil), como gerente do setor de infraestrutura e suporte, colaborando no Plano de Desenvolvimento Tecnológico Econômico Regional (PDTER). Nos últimos anos, escreveu textos jornalísticos sobre fatos históricos ligado à aviação.
Para o irmão de Ricardo, Alcione Sell Wagner, o legado do comandante será o de uma pessoa sonhadora e com verdadeira paixão por voar. “Desde criança ele ia no aeroporto e via os aviões chegando. Sempre gostou muito disso”, comentou. Ricardo Sell Wagner deixa a esposa, a artista plástica e jornalista Jonilda Wagner, dois filhos e quatro netos.
O velório será realizado nesta sexta-feira (14) a partir das 8 horas, na Capela Anjo da Guarda (Avenida Marechal Floriano, 1400). O sepultamento será às 16 horas, no cemitério Cruz das Almas.
Antes de ser piloto, ele foi pivô da seleção lageana
No esporte, Ricardo Sell Wagner também teve projeção atuando como jogador de basquete pela Seleção Lageana da modalidade, quando ainda era estudante. Com a equipe, Ricardo competiu na primeira edição dos Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc), realizados em Brusque.
Wagner atuou durante dois anos na Seleção Lageana. Com uma dose de nostalgia pela época e pela competição em que Lages foi eliminada na semifinal por Florianópolis, ele conversou com o Correio Lageano em 2010 sobre o assunto.
“Faltavam três minutos para terminar o jogo, o técnico Husadel [de Lages] tinha oportunidade de usar dois tempos e não pediu. Com isso, o time da capital cresceu e nós fomos perdendo. Acabamos vencidos por uma diferença de um ponto, ou seja, uma cesta de lance”, explicou o ex-pivô, ao ressaltar que o time perdeu o ritmo por falta de um tempo técnico.
Comendas e premiações
Nos 38 anos de carreira, Ricardo Sell Wagner foi distinguido nacionalmente pela atuação no setor aéreo com comendas e condecorações, entre as principais, destacam-se:
- Colaborador Emérito do Exército (1989);
- Comenda do Mérito Santos Dumont (1990);
- Medalha do Pacificador (1990);
- Ordem do Mérito Militar - Concedida pelo Presidente da República (1995).
Fonte: Correio Lageano